30 de dez. de 2015

Espumante, o vinho com borbulhas que mais cresce em produção e consumo em todo mundo

"Os brasileiros descobriram o espumante"

O fenômeno é mundial. Em dez anos, a produção  dos chamados "vinhos efervescentes" cresceu 40%, e o consumo 30%, em todo o mundo, segundo estatística da Organização Internacional do Vinho (OIV) relacionada ao  período 2003-2013. No mesmo período os "vinhos tranquilos" cresceram 7%, e o consumo apenas 4%.

A bebida se democratizou, perdeu o caráter sazonal (bebia-se só nas festas de fim de ano) e dispensou também a aura elitista que a envolvia, por causa do preço alto e escassez. Para mudar esse panorama contribuiu o aumento da oferta e da variedade de tipos e marcas de espumantes nas prateleiras e também a melhoria de renda em alguns países, permitindo que entrasse em todos os climas de celebração social e familiar. Há ainda um efeito de moda, evidentemente. Mas a tendência para o espumante, segundo a OIV, é que passe  para uma escala de consumo regular.

Produção aumenta 248% no Brasil

O Brasil entra nessa história com um aumento de produção de 248%  na década considerada. No ano de 2015, até outubro, houve um acréscimo de vendas de 15% em relação ao ano passado. Isso significa, segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), 12,9 milhões de litros de espumantes vendidos.

Adolfo Lona
"Os brasileiros descobriram o espumante". É o que disse o enólogo e produtor de espumantes Adolfo Lona, de Garibaldi, em uma palestra-degustação na confraria de vinhos da Fundação Ecarta, em Porto Alegre, em dezembro. "O brasileiro adotou o espumante com menos complicação, do que em relação ao vinho brasileiro. Foi mais tranquilo, e nesse aspecto destaco o papel da mulher como protagonista do consumo, fazendo com que seu companheiro perdesse o preconceito".

Um símbolo do Brasil vinícola

Lona, cuja trajetória de 42 anos de trabalho, já faz parte da história do vinho no Rio Grande do Sul, afirmou que o Brasil tem um grande potencial para o espumante, por conta dos  atributos de qualidade da bebida, entre as quais leveza e frescor, combinado com a geografia tropical e suas praias e o espírito festivo do brasileiro. "Só nos falta ampliar a cultura do beber espumante. Temos de trabalhar para tornar o espumante em um símbolo do Brasil", ressaltou. "Atualmente o espumante está ao alcance de todo mundo. Ao contrário de anos atrás, está mais acessível. São virtudes que fazem crescer o consumo dos brasileiros. Além disso, do ponto de vista gastronômico, o espumante harmoniza com todos os pratos. É a mais versátil das bebidas", concluiu.

Países emergentes no cenário

No mundo, quatro países ainda concentravam, em 2013, a produção de 63 % dos vinhos espumantes  (França, Itália, Alemanha, Espanha), e 87% do valor total de exportação mundial. A França é o maior produtor, apenas o Champagne representa 15% de todos os vinhos espumantes produzidos no mundo. No quesito volume de exportação, a Itália detinha em 2013 a maior fatia mundial: 44%. Mas a França,  faturava 53% do total do valor em euros. Apesar disso, a França vem registrando perdas percentuais no total de faturamento no decorrer dos últimos anos.

Em 2013 produziram-se 17,6 milhões de hectolitros de espumantes em todo o mundo e consumiram-se 15,4 milhões de hectolitros. Os maiores consumidores são a Alemanha, França, Rússia, Estados Unidos, Itália e Reino Unido. O Champagne e os vinhos espumantes também estão em alta na China, que é o quinto maior importador dessas bebidas, depois da União Européia, Estados Unidos, Japão e Austrália.

A novidade é que, na década analisada, países emergentes começaram a entrar no mundo do espumante com produção significativa e crescente:  Rússia,Ucrânia. Hungria, Estados Unidos e Austrália.  A Argentina aumentou 198% e o Brasil 248%.

No Brasil, o Ibravin lançou em dezembro, com o logotipo Brasil Espumantes, uma campanha para dar identidade institucional ao espumante brasileiro e estimular o seu consumo durante os próximos meses.

30 de nov. de 2015

VINHO NATURAL E SEM SULFITOS

TECNOLOGIA É TESTADA EM UNIVERSIDADE ITALIANA 

Uma tecnologia para produzir vinho sem a utilização de sulfitos e outros aditivos químicos, e com baixo custo, vem sendo testada com sucesso há dois anos por pesquisadores da Universidade de Pisa e inclusive já foi patenteada. A notícia foi publicada no dia 19 de novembro de 2015, pela revista digital semanal Teatro Naturale, de Livorno, que se ocupa de temas relacionados ao mundo rural. 

Os sulfitos (dióxido de enxofre - SO²) são utilizados na vinicultura convencional como antisséptico e como conservante (antioxidante) do vinho. Podem causar dor de cabeça, se utilizados além dos limites recomendados, ou alergias a quem é sensível ao produto. 

Em declaração publicada pela revista, a coordenadora da pesquisa, professora Angela Zinnai, do Departamento de Ciências Agrárias da universidade, afirma que a tecnologia “não altera as características do vinho, mas melhora a sua qualidade e dá espaço a outros sabores que estão encobertos, alterados ou reduzidos pela presença do dióxido de enxofre e outros aditivos”. 

Ela ressalta também que o vinho torna-se mais saudável, “por não conter aditivos químicos e por melhorar a digestibilidade das substâncias positivas" contidas na bebida.

A nova tecnologia criada pela universidade foi testada em vinificações experimentais, produzindo-se um Sangiovese em 2013 e um Viognier em 2014. No entanto, o objetivo da equipe de pesquisa é produzir vinhos em grande escala. A viabilização do projeto ocorreu graças à união de esforços de vários setores da universidade de Pisa: tecnologia de alimentos, economia agrária, engenharia civil e industrial, física e engenharia da informação. 

Na reportagem, a professora Angela Zinnai, afirma que há uma tendência estável de crescimento do setor do vinho nessa direção, “com a procura de vinhos mais saudáveis, livres de produtos químicos, mais frescos, ricos ao paladar, de qualidade, mas não a custos maiores”. Pelo contrário, diz ela, “o nosso projeto pretende oferecer, pela primeira vez, todas essas características, em um único vinho, por um custo baixo”, conclui.

Em várias partes do mundo - inclusive no Brasil - produtores utilizando métodos naturais e biodinâmicos elaboram vinhos sem sulfitos ou utilizando mínimas quantidades desse produto. Diferentemente do que pretende a técnica italiana (alta produção), até o momento, as produções de vinho sem sulfitos tem ocorrido em menor escala e, evidentemente por isso, resultando em preços mais altos. Resta aguardar para ver como evolui o método desenvolvido pela Universidade de Pisa e quando estará disponível no mercado.