26 de jun. de 2011

Governo de São Paulo tem programa para revitalizar a produção de uvas e vinhos

Maior mercado consumidor de vinhos do Brasil, o estado de São Paulo quer também melhorar sua situação no polo de produção da bebida.

Marcando o segundo ano do Programa Pró-Vinho, projeto de revitalização da cadeia vitivinícola do estado de São Paulo, foi lançado o livro Vinhedo Paulista, com o objetivo de apoiar e incentivar os segmentos envolvidos na atividade.

Dentre os objetivos do programa estão a formatação de um projeto coletivo visando a construção da identidade do vinho paulista e ao desenvolvimento da região.

O projeto é uma parceria entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, Federação das Indústrias (Fiesp), sindicatos, associações e cooperativas de produtores de uva e vinho e prefeituras municipais.Em paralelo ao programa, foi criado o Instituto Paulista de Vitivinicultura e a Câmara Setorial da Uva e do Vinho do estado.

A atividade vitivinícola paulista caracteriza-se pela produção de uvas de mesa e vinhos de uvas americanas e híbridas, mas na última década, registrou estagnação em relação ao crescimento apresentado pelas outras regiões, nas quais se intensificaram os esforços pela valorização de vinhos de qualidade, com identidade territorial.

Publicado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), da Secretaria de Agricultura, Vinhedo Paulista está dividido em três partes: desenvolvimento histórico da vitivinicultura paulista; aspectos técnicos da implantação e manejo; e vinificação.


Berço da vitivinicultura nacional - há registro de produção de vinho no planalto de Piratininga em 1551, por Braz Cubas - em São Paulo, a atividade existiu discretamente como cultura doméstica ao longo dos séculos XVII e XVIII. No século XIX ressurgiu, entre 1830 e 1840, com a difusão e entrada em São Paulo, das variedades de uvas americanas, especialmente a Isabel, em chácaras e fazendas nos arredores da capital. Passou a ter importância econômica no estado, apenas no final  do século XIX, quando os imigrantes italianos, liberados das fazendas de café, puderam dedicar-se à atividade, integrada à sua cultura e história.


Dos 85% de vinhos de mesa comuns produzidos no Brasil, 60% são comercializados em São Paulo, e dos restantes 15% de vinhos finos, o maior mercado consumidor também é o paulista. O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 90% da produção de vinhos e sucos de uva nacionais.

19 de jun. de 2011

O selo fiscal, o mercado e o consumo de vinho

                                                                                                                                                                             
Como efeito do selo, importados de baixo preço podem ceder espaço no mercado

Quando se lançou a exigência do selo fiscal aos vinhos vendidos no mercado brasileiro, muito se falou em contenção do contrabando, que promovia concorrência ilegal, e em garantia de qualidade da bebida nacional, contra possíveis falsificações. Em realidade, o que estariam pretendendo os artífices da medida era criar um mecanismo para afastar a concorrência dos vinhos estrangeiros de baixo preço, especialmente dos originários da Argentina e do Chile. Esse mercado de vinhos varietais de baixo preço é um mercado em que a indústria nacional não consegue, por ora, concorrer com os importados, por falta de volume. 

A exigência do selo fiscal, de fato, retraiu as importações a partir de 2011, e resultou, concretamente, em um novo elemento a agregar-se ao custo do produto para os importadores, o que deverá refletir-se mais adiante nos preços de prateleira. A determinação de implantar o selo fiscal aos vinhos nacionais e estrangeiros teve como efeito, entre 2009 e 2010, um espetacular aumento preventivo da importação de vinhos estrangeiros, especialmente chilenos e argentinos, que inundaram e ainda inundam as gôndolas dos supermercados brasileiros.

Até o final do ano, o atacado e o varejo terão de livrar-se desses estoques importados sem a estampilha oficial, pois a partir de 1º de janeiro de 2012, todas as garrafas de vinho expostas à venda deverão estar seladas. As novas importações, em 2011, já estão vindo com o selo, colocado na chegada às aduanas brasileiras, de responsabilidade dos importadores. Desde junho, pelo menos os vinhos argentinos são despachados selados já na origem, por acordo de governos.

Nesse intervalo de tempo, a indústria vinícola nacional aumentou e diversificou a sua produção e intensificou as campanhas e eventos de promoção de consumo, por meio da sua entidade oficial. Os setores produtivos também se beneficiam do verdadeiro boom de consumo que se verifica no Brasil, com o aumento do poder aquisitivo das classes C e D e E, numa realidade em que vinhos e espumantes representam objeto de status e de desejo para os novos consumidores.

Mas, em relação ao consumo, a análise das importações originárias dos países vizinhos até o momento está revelando uma tendência interessante. Os argentinos reconhecem a retração nas importações brasileiras - no comparativo 2010-2011, entre janeiro e maio cairam quase 9% em volume, mas em valor aumentaram quase 4%, segundo notícia de 9 de junho da publicação eletrônica Dia a Dia del Vino, de Mendoza. Para o Chile, no mesmo período, a situação foi pior: queda de 16% em volume e 2% em valor. Mas a partir de maio, começou uma recuperação em valor para os dois países, pois 70% das vendas para o Brasil são feitas no inverno, entre abril e agosto.

E o que está se verificando, segundo os bodegueiros argentinos citados na notícia, é que o preço médio dos vinhos vendidos ao Brasil vem crescendo ano a ano. Os segmentos de preços baixos estariam perdendo volume, mas a faixa de preços médio-alto, de 26 a 35 dólares a caixa de vinho estaria muito ativa. Eles também consideram significativa a movimentação de vendas de vinho da faixa entre 39 e 60 dólares a caixa. Concluem que o brasileiro está aprendendo a desfrutar de vinhos mais complexos e aceitando pagar mais por vinhos de maior qualidade. Se essa tendência realmente  se confirmar, então, com ou sem selo fiscal, dentro de um prazo ainda não conhecido, o mercado de vinhos varietais de baixo preço poderia finalmente passar ao domínio da produção nacional.