O fenômeno é mundial. Em dez anos, a produção dos chamados "vinhos efervescentes" cresceu 40%, e o consumo 30%, em todo o mundo, segundo estatística da Organização Internacional do Vinho (OIV) relacionada ao período 2003-2013. No mesmo período os "vinhos tranquilos" cresceram 7%, e o consumo apenas 4%.
A bebida se democratizou, perdeu o caráter sazonal (bebia-se só nas festas de fim de ano) e dispensou também a aura elitista que a envolvia, por causa do preço alto e escassez. Para mudar esse panorama contribuiu o aumento da oferta e da variedade de tipos e marcas de espumantes nas prateleiras e também a melhoria de renda em alguns países, permitindo que entrasse em todos os climas de celebração social e familiar. Há ainda um efeito de moda, evidentemente. Mas a tendência para o espumante, segundo a OIV, é que passe para uma escala de consumo regular.
Produção aumenta 248% no Brasil
O Brasil entra nessa história com um aumento de produção de 248% na década considerada. No ano de 2015, até outubro, houve um acréscimo de vendas de 15% em relação ao ano passado. Isso significa, segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), 12,9 milhões de litros de espumantes vendidos.
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Adolfo Lona |
Um símbolo do Brasil vinícola
Lona, cuja trajetória de 42 anos de trabalho, já faz parte da história do vinho no Rio Grande do Sul, afirmou que o Brasil tem um grande potencial para o espumante, por conta dos atributos de qualidade da bebida, entre as quais leveza e frescor, combinado com a geografia tropical e suas praias e o espírito festivo do brasileiro. "Só nos falta ampliar a cultura do beber espumante. Temos de trabalhar para tornar o espumante em um símbolo do Brasil", ressaltou. "Atualmente o espumante está ao alcance de todo mundo. Ao contrário de anos atrás, está mais acessível. São virtudes que fazem crescer o consumo dos brasileiros. Além disso, do ponto de vista gastronômico, o espumante harmoniza com todos os pratos. É a mais versátil das bebidas", concluiu.
Países emergentes no cenário
No mundo, quatro países ainda concentravam, em 2013, a produção de 63 % dos vinhos espumantes (França, Itália, Alemanha, Espanha), e 87% do valor total de exportação mundial. A França é o maior produtor, apenas o Champagne representa 15% de todos os vinhos espumantes produzidos no mundo. No quesito volume de exportação, a Itália detinha em 2013 a maior fatia mundial: 44%. Mas a França, faturava 53% do total do valor em euros. Apesar disso, a França vem registrando perdas percentuais no total de faturamento no decorrer dos últimos anos.
A novidade é que, na década analisada, países emergentes começaram a entrar no mundo do espumante com produção significativa e crescente: Rússia,Ucrânia. Hungria, Estados Unidos e Austrália. A Argentina aumentou 198% e o Brasil 248%.
No Brasil, o Ibravin lançou em dezembro, com o logotipo Brasil Espumantes, uma campanha para dar identidade institucional ao espumante brasileiro e estimular o seu consumo durante os próximos meses.