Um inverno mesclado de frio e ondas de calor provocou a antecipação da brotação das videiras em várias regiões do Rio Grande do Sul. Isso não é totalmente estranho no estado, mas sempre deixa apreensivos os viticultores. Eles temem o possível retorno de frio intenso com geadas em setembro, que pode danificar a ramificação nova, comprometendo a produção. Além disso, a precocidade também atropela o planejamento do trabalho no vinhedo.
Essas condições, aliadas à pouca chuva registrada no período, apressaram o ciclo da planta, cujo período de brotação, no Rio Grande do Sul, vai geralmente do fim de julho a início de outubro, conforme a variedade, explica o viticultor e enólogo Blásio Bervian. Uvas brancas viníferas, tais como Riesling Renano e Chardonnay, e a de mesa Vênus, normalmente são de ciclo precoce. Uvas comuns como Niágara e Bordô e algumas viníferas tintas, como Merlot e Pinot Noir, e a branca Moscato são consideradas semi-precoces. De ciclos tardios são a vinífera Cabernet Sauvignon e a comum Isabel.
Bervian, calcula que a brotação está adiantada uns 10 dias, em relação aos anos anteriores.
Além da variedade, outros fatores contribuem para retardar ou deslanchar a brotação: a altitude, relacionada às temperaturas médias (em regiões mais altas, as médias de frio são mais baixas, ao contrário das terras em altitudes menores); quantidade de luz natural, tanto solar como lunar (em invernos chuvosos e com neblina há menos luminosidade, diminuindo o estímulo aos processos vitais das plantas); e estresse hídrico, que tem consequência semelhante ao fator anterior.