É o vinho caseiro, à espera dos primeiros frios do inverno, depois do qual, segundo a tradição, estará pronto para o consumo. Enquanto isso, é vigiado diariamente com atenciosa afeição, como a dirigida a uma criança em crescimento.
Mosto fermentado |
Muita gente gosta de fazer seu próprio vinho, seguindo o método rústico dos primeiros imigrantes europeus. A maioria são pequenos agricultores que já tem na própria história o costume. Outros, vivendo nas cidades, não possuem mais terras para cultivar, mas todo ano vão em busca de uvas maduras para fermentar, como para honrar um último elo com os terrunhos que perderam.
Paulo Serafim tirando vinho |
Ainda assim, amadores e experimentados se lançam à essa atividade todos os anos. O passo-a-passo é transmitido oralmente, de parceiro para parceiro. Não há receitas. As condições e os locais de elaboração são às vezes precários. Se o lugar for fresco, mais chance de bom resultado.
Na esteira da tradição, as uvas procuradas geralmente são as tintas comuns, de preço acessível, as viti labruscas: a Isabel, que pode dar vinhos de cor vermelho vivo ou rosada, dependendo da maturação, em combinação com a Bordô, uma tintureira, que isoladamente não é apreciada pela alta concentração de pigmento. Na falta da Isabel, admite-se até fermentações de uma parcela de uvas brancas, como a Niágara, com a Bordô, para equilibrar a cor.
É um vinho "honesto", vinho "puro", justifica-se, “sem química”. Quando muito, açúcar na fermentação para elevar um pouco o grau alcoólico e sulfitos para evitar a degradação do mosto. O cuidado é não errar nas proporções: nem muito, nem pouco. Os vinhos podem resultar ácidos, ásperos ou leves e suaves. Serão bebidos, com satisfação.
2 comentários:
É isso aí amigo Paulo. Só quero experimentar teu vinho quando for a Montenegro. IEDO
Muito bom poder fazer a sua propria bebida. Fiquei com vontade de provar vendo as fotos!
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