Quando se lançou a exigência do selo fiscal aos vinhos vendidos no mercado brasileiro, muito se falou em contenção do contrabando, que promovia concorrência ilegal, e em garantia de qualidade da bebida nacional, contra possíveis falsificações. Em realidade, o que estariam pretendendo os artífices da medida era criar um mecanismo para afastar a concorrência dos vinhos estrangeiros de baixo preço, especialmente dos originários da Argentina e do Chile. Esse mercado de vinhos varietais de baixo preço é um mercado em que a indústria nacional não consegue, por ora, concorrer com os importados, por falta de volume.
A exigência do selo fiscal, de fato, retraiu as importações a partir de 2011, e resultou, concretamente, em um novo elemento a agregar-se ao custo do produto para os importadores, o que deverá refletir-se mais adiante nos preços de prateleira. A determinação de implantar o selo fiscal aos vinhos nacionais e estrangeiros teve como efeito, entre 2009 e 2010, um espetacular aumento preventivo da importação de vinhos estrangeiros, especialmente chilenos e argentinos, que inundaram e ainda inundam as gôndolas dos supermercados brasileiros.

Nesse intervalo de tempo, a indústria vinícola nacional aumentou e diversificou a sua produção e intensificou as campanhas e eventos de promoção de consumo, por meio da sua entidade oficial. Os setores produtivos também se beneficiam do verdadeiro boom de consumo que se verifica no Brasil, com o aumento do poder aquisitivo das classes C e D e E, numa realidade em que vinhos e espumantes representam objeto de status e de desejo para os novos consumidores.
Mas, em relação ao consumo, a análise das importações originárias dos países vizinhos até o momento está revelando uma tendência interessante. Os argentinos reconhecem a retração nas importações brasileiras - no comparativo 2010-2011, entre janeiro e maio cairam quase 9% em volume, mas em valor aumentaram quase 4%, segundo notícia de 9 de junho da publicação eletrônica Dia a Dia del Vino, de Mendoza. Para o Chile, no mesmo período, a situação foi pior: queda de 16% em volume e 2% em valor. Mas a partir de maio, começou uma recuperação em valor para os dois países, pois 70% das vendas para o Brasil são feitas no inverno, entre abril e agosto.

Um comentário:
Excelente matéria, abordando um tema
bastante importante. A questão que
agrega custo ao produto nacional.Parabéns..
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