15 de set. de 2014

TEM VINHO FINO PREMIADO NA AGRICULTURA FAMILIAR !

Resgatando a tradição italiana na região colonial de Marques de Souza

Marciano Paludo
O trabalho de dez anos, aliando conhecimento e busca de qualidade, finalmente rendeu o fruto merecido para Marciano Paludo, pequeno produtor de vinhos e sucos do interior do município de Marques de Souza, Rio Grande do Sul. No encerramento da Expointer 2014, o seu Cabernet Sauvignon foi premiado em primeiro lugar entre os vinhos finos apresentados pelos expositores do Pavilhão da Agricultura Familiar da grande feira internacional.

Vivendo numa zona de transição cultural, em terras ocupadas primeiro por colonos alemães e depois por colonos italianos, na comunidade de Vasco Bandeira, Marciano tem sangue das duas etnias. Lembra que uma de suas avós falava alemão, italiano e português, bem integrada ao ambiente da localidade. "Hoje, praticamente não se ouve mais a língua italiana no lugar", diz ele.

Para resgatar a história da família, especialmente da "nona" Dona Cecília, que cuidava de uma pequena parreira e, ela mesma, fazia o vinho, começou a plantar uvas em 2003, com o auxílio dos irmãos. Em 2007 nasceu a Paludo Vinhas e Vinhos, quando foram elaborados os primeiros produtos. Marciano fez estudo técnico em Agropecuária, trabalhou como extensionista rural e foi buscar a formação específica em Viticultura e Enologia no Instituto Federal de Ensino Superior do Rio Grande do Sul, em Bento Gonçalves, percorrendo 200 quilômetros de casa à escola quatro dias por semana, até a colação de grau, ano passado.

No estande, o irmão
Atualmente, a família mantém cinco hectares de vinhedos, com uvas Bordô, BRS Violeta e Isabel Precoce, com as quais produz sucos e vinhos de mesa. Os planos são aumentar a área até chegar a 10 hectares. Por enquanto, Marciano compra de outros produtores as uvas para vinhos finos, que elabora em sua própria cantina, na propriedade.  O Cabernet Sauvignon premiado, da safra 2012-2013,  tem diminutas porções de uvas Ancellota e Tannat.  Marciano acredita que os cortes ajudam a equilibrar aspectos de fruta e cor do vinho. A vinificação foi no modo clássico, sem madeira, resultando num vinho leve, com 12% de álcool, jovem, perfeito, na sua opinião, para harmonizar com churrasco, carreteiro e strogonoff de carne.

Identificado com suas origens, Marciano se considera, no entanto, um novo tipo de produtor rural: habita na cidade, onde escolheu morar pela boa escola para os filhos, e peregrina diariamente para o interior do município, onde está a propriedade da família. Família cujos valores o inspiram. "Quando entrego um produto, estou entregando parte da minha história e dos meus valores. Não vendo o que eu não bebo. Esse é o grande diferencial da agricultura familiar".

Seus planos para o futuro incluem "atravessar o Mampituba", sem esquecer a máxima de um dos "nonos", que enfatizava a persistência afirmando: "devagar e sempre". Na Expointer pela segunda vez, Marciano diz que já experimentou uma ponta de orgulho nesta edição. "Vendi uma garrafa de Cabernet Sauvignon para um visitante francês que esteve no meu estande. Ele aprovou o vinho" .

Entre os avaliadores de vinhos finos do Pavilhão da Agricultura Familiar participaram especialistas da Embrapa Uva e Vinho, do Instituto Federal de Ensino Superior do Rio Grande do Sul, de Bento Gonçalves, e da Secretaria do Desenvolvimento Rural do Estado.

Pontos de venda em Porto Alegre: Maxi-Água, no bairro Cidade Baixa e Fruteira Bom Fim, na Avenida Protásio Alves. Em Lajeado, no Supermercado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, em frente à Praça da Matriz.

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