7 de jun. de 2012

ARGENTINA CRIA PROGRAMA PARA AUMENTAR O CONSUMO DE VINHO EM RESTAURANTES



Em tempos de pedido de salvaguardas, no Brasil, contra vinhos estrangeiros, para aumentar o mercado dos nacionais, a Argentina reabilita o "vinho para todos", uma política dos anos 1970, para incentivar o consumo do produto local, em bares e restaurantes.

O chamado “Vinho turista”, promovido pelo Instituto Nacional de Vitivinicultura (INV) argentino, deverá ter um preço máximo de 20 pesos (genérico) e 25 pesos (varietal),por garrafa, algo equivalente a R$10,00 e R$17,50, respectivamente. Pelo programa, amparado em lei, os restaurantes e bares de todo o país, mesmo os mais requintados, serão obrigados a manter em suas cartas de bebidas pelo menos um tipo de produto dessa categoria.

Logotipo da campanha. Fonte: INV
O valor foi fixado após entendimentos com representantes do setor gastronômico, garantindo uma margem de 120% de lucro aos estabelecimentos, segundo o jornal Diário de Cuyo, da província de San Juan. 

Para evitar que bebidas de baixa qualidade entrem na lista, os vinhos candidatos a participar do programa passarão por análise enológica e sensorial e serão certificados pelos conselhos consultivos regionais do INV, devendo obter no mínimo 80 pontos. 

Será obrigatório que os rótulos contenham o logotipo “Vinho argentino – bebida nacional”, a legenda “Vinho turista” ou “Vinho turista varietal”, o nome da casa elaboradora, a região de origem e a data limite de consumo preferencial. Cada vinícola poderá destinar anualmente até 2 milhões de litros de vinho nessa modalidade.

Alguns produtores, citados em matéria sobre o assunto, na publicação eletrônica Área del Vino, acreditam que a medida ajudará as vinícolas que não tem acesso fácil ao setor gastronômico e agitará o estagnado panorama de consumo de vinhos de médio e baixo preço na Argentina. Eles sustentam que as pessoas deixaram de tomar vinho nos restaurantes porque a maioria dos produtos oferecidos nos estabelecimentos é muito caro.

Mas nem tudo é unanimidade em relação a essa política. Ricardo Santos, enólogo e proprietário da vinícola Cuchillas de Lunlunta, de Lujan de Cuyo, reconhecido nacionalmente pelo Malbec que leva o seu nome no rótulo, é cético em relação ao programa, que segundo ele, não deu os resultados esperados em 1975, quando foi lançado, em razão da inflação, que aumentava os custos dos serviços nos restaurantes, fazendo com os que proprietários sofressem prejuízos.

Em artigo na publicação Área del Vino, Ricardo Santos refuta o termo “vinho turista”. Entende que o turista contemporâneo está em busca de origem e  não necessariamente vinho barato, e que o consumo tem outra conotação atualmente (se consome por prazer e não por tradição).  Aponta para a existência de uma grande diversidade de produtores de vinho e de estabelecimentos gastronômicos, a atender diferentes possibilidades de poder aquisitivo. Além disso, considera que a qualidade do vinho se reflete em altos custos de elaboração e transporte e, para os restaurantes, em custos de serviço, duvidando, por isso, da operacionalidade do programa.

Cartaz da Festa Nacional do Vinho 2012, em Mendoza, evocando as  sete  províncias  produtoras

2 comentários:

Helena disse...

Acho que todo incentivo é válido e com um preço mais em conta, as pessoas podem se motivar para provar vinhos que normalmente não provariam...

Anônimo disse...

Com certeza essa ação da oportunidade para o consumidor, apreciar. Bela estratégia, penso que o vinho agrega valor aos restaurantes, porque não adotamos algo assim aqui.