Em tempos de pedido de
salvaguardas, no Brasil, contra vinhos estrangeiros, para aumentar o mercado dos
nacionais, a Argentina reabilita o "vinho para todos", uma política dos anos 1970, para incentivar o
consumo do produto local, em bares e restaurantes.
O chamado “Vinho turista”,
promovido pelo Instituto Nacional de Vitivinicultura (INV) argentino, deverá
ter um preço máximo de 20 pesos (genérico) e 25 pesos (varietal),por garrafa, algo equivalente a R$10,00 e R$17,50, respectivamente. Pelo programa, amparado
em lei, os restaurantes e bares de todo o país, mesmo os mais requintados,
serão obrigados a manter em suas cartas de bebidas pelo menos um tipo de
produto dessa categoria.
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Logotipo da campanha. Fonte: INV |
O valor foi fixado após
entendimentos com representantes do setor gastronômico, garantindo uma margem
de 120% de lucro aos estabelecimentos, segundo o jornal Diário de Cuyo, da província de San
Juan.
Para evitar que bebidas de
baixa qualidade entrem na lista, os vinhos candidatos a participar do programa
passarão por análise enológica e sensorial e serão certificados pelos conselhos
consultivos regionais do INV, devendo obter no mínimo 80 pontos.
Será
obrigatório que os rótulos contenham o logotipo “Vinho argentino – bebida
nacional”, a legenda “Vinho turista” ou “Vinho turista varietal”, o nome da
casa elaboradora, a região de origem e a data limite de consumo
preferencial. Cada vinícola poderá destinar anualmente até 2 milhões de litros
de vinho nessa modalidade.
Alguns produtores, citados em matéria sobre o assunto, na publicação eletrônica Área del Vino, acreditam que a medida
ajudará as vinícolas que não tem acesso fácil ao setor gastronômico e agitará o
estagnado panorama de consumo de vinhos de médio e baixo preço na Argentina. Eles sustentam
que as pessoas deixaram de tomar vinho nos restaurantes porque a maioria dos produtos oferecidos nos estabelecimentos é
muito caro.
Mas nem tudo é unanimidade
em relação a essa política. Ricardo Santos, enólogo e proprietário da vinícola
Cuchillas de Lunlunta, de Lujan de Cuyo, reconhecido nacionalmente pelo Malbec
que leva o seu nome no rótulo, é cético em relação ao programa, que segundo
ele, não deu os resultados esperados em 1975, quando foi lançado, em razão da inflação, que
aumentava os custos dos serviços nos restaurantes, fazendo com os que
proprietários sofressem prejuízos.
Em artigo na publicação
Área del Vino, Ricardo Santos refuta o termo “vinho turista”. Entende que o turista contemporâneo está em busca de origem e não necessariamente vinho barato, e que o consumo tem outra conotação atualmente (se consome por prazer e
não por tradição). Aponta para a existência de uma grande diversidade de produtores de vinho e
de estabelecimentos gastronômicos, a atender diferentes possibilidades de poder aquisitivo. Além disso, considera que a qualidade do vinho se reflete em altos
custos de elaboração e transporte e, para os restaurantes, em custos de serviço,
duvidando, por isso, da operacionalidade do programa.
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Cartaz da Festa Nacional do Vinho 2012, em Mendoza, evocando as sete províncias produtoras |
2 comentários:
Acho que todo incentivo é válido e com um preço mais em conta, as pessoas podem se motivar para provar vinhos que normalmente não provariam...
Com certeza essa ação da oportunidade para o consumidor, apreciar. Bela estratégia, penso que o vinho agrega valor aos restaurantes, porque não adotamos algo assim aqui.
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